“A Digital de Prometeu” faz uma colagem de clássicos da dramaturgia Ocidental que têm como pano de fundo o Mito de Prometeu e a peça “Prometeu Acorrentado”, de Ésquilo. A montagem virtual é interpretada pelo ator e dublador Marco Nepomuceno e suas últimas exibições serão nos dias 21, 22 e 23/1
O escritor italiano Ítalo Calvino dedicou o livro “Por que ler os clássicos”? inteiramente para discutir a importância dessas obras. Ao tratarem de arquétipos básicos humanos, revisitam e trazem uma reflexão sobre o antigo e o contemporâneo. Além disso, esses textos costumam apresentar temas que nunca se fecham em si mesmos, mas permanecem passíveis de múltiplas interpretações e incontáveis formas de impactar quem os consome. E é justamente com o objetivo de “reler” (alguns) clássicos à luz da contemporaneidade, que a montagem A Digital de Prometeu se propõe. A temporada online realiza sua última temporada nos dias 21,22 e 23/1, sempre às 20h As exibições são gratuitas e serão transmitidas no canal do Youtube Confraria dos Detestáveis. A atuação e direção são do ator e dublador Marco Nepomuceno, que também estreia a primeira montagem autoral da sua companhia “A Confraria de Detestáveis”.
Diversos personagens dos clássicos da dramaturgia compõem a narrativa
Nepomuceno explica que A Digital de Prometeu é uma colagem de clássicos da dramaturgia Ocidental, tendo como pano de fundo o Mito de Prometeu e a peça Prometeu Acorrentado, de Ésquilo. “Uma vez liberto, o Titã (Prometeu) vive ao longo das eras. E nesta montagem, ele apresenta um contraponto entre seu mito e o momento atual. Os outros 8 personagens do enredo também foram retirados de dramaturgias clássicas, como Édipo Rei (Sófocles), Rei Lear (Shakespeare), Héracles (Alceste de Eurípedes), dentre outros. Eles desenvolvem o conflito da peça na medida em que a narrativa e os questionamentos de Prometeu acerca de seu castigo por ter dado aos mortais o “Fogo Divino” e seus efeitos se desenrolam.
O ator explica que escolheu essa temática para montar a peça, pois “ao confrontar o presente com textos escritos em outras épocas e locais, e refletir sobre possibilidades de diálogo entre essas obras, novas janelas de compreensão se abrem para quem quer assistir”. Segundo Nepomuceno, o teatro ao revisitar os clássicos “permite ao público analisar os fatos não como inevitáveis, mas como reflexos dos agentes e agendas de seu tempo, não se limitando apenas em uma cronologia, mas expandindo e reforçando o discurso dominante”. A dramaturgia é o resultado de uma extensa pesquisa do ator neste período de pandemia, em que o teatro busca sua expressão nas tecnologias digitais. “Em um momento atípico, de isolamento necessário como o que vivemos agora, novas oportunidades de análise surgem, uma vez que o próprio entorno se torna mais familiar, mais constante, e dessa forma os agentes se tornam mais explícitos.”
A produção inédita foi contemplada no edital Proac Expresso Lab nº 36/2020, no eixo Produção, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, criada com recursos da Lei Aldir Blanc.
Sobre a companhia Confraria de Detestáveis
A Confraria de Detestáveis está presente na caminhada de Marco Nepomuceno com o teatro desde 2006. Nasceu da compreensão de que proporcionar um espaço em que diferentes agentes sejam capazes de se encontrar, dividir e vivenciar experiências e trocas artísticas – sobretudo da cena, é necessário. Por acreditar nessa necessidade do encontro que o teatro permite e representa, o ator alimentou o desejo de um dia concretizá-lo. E através de “A Digital de Prometeu”, esse embrião pôde nascer em forma física e virtual. Da grande encruzilhada de saberes que cada pessoa envolvida nesse trabalho ofertou, e que percorreram durante todo processo, nasce esse “teatro possível”, através desses “encontros possíveis”, nesse tempo impossível que vivemos. “É somente por essa soma de afetos que a obra se concretizou. Foram tempos turbulentos. Mas certamente coroado com lindas flores que nasceram e estão para nascer”, explica Nepomuceno.
Sobre Marco Nepomuceno
Durante sua formação no curso superior sequencial “Artes Cênicas – Aperfeiçoamento do Comunicador” ofertado pelo antigo UNI-BH, e na graduação em Licenciatura em Teatro pela EBA/UFMG, começou a atuar profissionalmente como ator e como instrutor de cursos livres de teatro na periferia de Belo Horizonte em Minas Gerais. Participou como ator convidado da “Companhia Lúdica dos Atores” durante 4 anos, e atuou na pesquisa e nas montagens de Trabalhos de Amor Perdidos e Hamlet em 15 minutos, ambos com direção de Marcos Vogel. Em 2008, começou a trabalhar também no campo da atuação vocal, e em 2012 começou em Sã o Paulo seu processo de formação na área de dublagem. A partir de 2013, mudou-se para a capital paulistana e deu continuidade ao seu trabalho com teatro e também dublagem. Entre os principais trabalhos em São Paulo destacam-se: A Jornada de Orfeu, com a Cia. Coexistir; Macbeth e O Caso dos Dez Negrinhos, com a Cia. London; Um Corpo Estranho entre Nós e Trabalhos em Execução, com o Teatro Compacto. Além da dublagem de produtos para cinema e TV, desde 2014 também trabalha com localização (dublagem) de jogos digitais. No ano de 2018, começou a trabalhar como diretor artístico de localização nos processos de captação de voz.
Ficha Técnica:
Coordenação, Concepção e Atuação: Marco Nepomuceno
Cenários, Figurinos e Fotografia dos Cenários: Kelson Frost, Mario Zayas e Luma
Assistência de Direção: Gabriel Ebling
Preparação Corporal: Laura Noronha
Preparação Musical e Vocal: Ana Villar e Gabriel Ebling
Trilha: Mateus Herrera
Libras: Fabiano Campos
Assessoria de Edição e Fotografia: Ed Félix
Produção e Assessoria de Imprensa: Agência Birdhouse
Identidade Visual e Webdesigner – Ligia Pawlow (Agência Birdhouse
Serviço:
Solo teatral: “A digital de Prometeu”
Temporada: Estreia (14/1)- Exibições:21,22 e 23/1
Horário: Sempre às 20h
Gratuito e online
Youtube/Confraria de Detestáveis: https://www.youtube.com/channel/UCnYO3jDWNgvMm5ECqHcGIbA
Redes sociais: @adigitaldeprometeu