Doenças respiratórias estão entre as principais causas de internação infantil

 

Estudos mostram que pneumonia, bronquiolite e outras infecções respiratórias representam risco elevado para crianças menores de 5 anos

As doenças respiratórias na infância representam um desafio de saúde pública no Brasil. De acordo com o boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no fim de julho, casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças seguem elevados em várias regiões do país.

Em estados como Amazonas, Roraima, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, houve aumento ou retomada do crescimento das internações de crianças, causadas principalmente pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). 

Segundo a pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, Tatiana Portella, o cenário requer atenção. Caso apareçam sintomas de gripe ou resfriado, o ideal é ficar em casa para a recuperação da infecção e também para evitar a transmissão para outras pessoas, assim como na pandemia da Covid-19.


“Até porque, a criança pode infectar outras crianças na escola e, em casa, também pode infectar um avô, uma avó ou uma pessoa que tenha um problema de saúde e que pode desenvolver a forma mais grave da doença”, explica Portella. 

A situação também foi destacada pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), que revelou que o período entre março e julho registrou a maior incidência de doenças respiratórias na capital, com a bronquiolite liderando as ocorrências entre os pequenos.

Segundo a responsável técnica de Emergências Pediátricas da SES/DF, Danielle Sampaio Lima, bebês e crianças com até dois anos formam o grupo mais vulnerável. Eles têm vias aéreas mais estreitas e um sistema imunológico ainda em amadurecimento, o que dificulta a recuperação, em caso de infecção.

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Cuidados com crianças e bebês

A especialista recomenda a manutenção da amamentação do bebê durante os episódios infecciosos, pois fortalece o seu sistema imunológico, além da vacinação contra influenza e VSR, a higienização das mãos e a redução da exposição a aglomerações.

Caso os responsáveis percebam sintomas respiratórios como tosse persistente, dificuldade para respirar ou febre, é importante procurar um especialista para obter o diagnóstico correto e iniciar o tratamento. 

Quando há suspeitas de complicações, exames de imagem de tórax ajudam no diagnóstico e na definição da conduta médica. Estão entre eles a tomografia computadorizada infantil, radiografia, ressonância magnética, ultrassonografia e a tomografia por emissão de pósitrons (PET), conforme indica o Manual MSD.

Bronquite e bronquiolite são responsáveis por 90% das mortes 

Publicado na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação (Rease), o  estudo “Perfil epidemiológico da mortalidade infantil por doenças respiratórias no Brasil” analisou os óbitos infantis em decorrência das enfermidades do tipo, entre 2019 e 2024.

Com base em dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), obtidos pelo DATASUS, a pneumonia foi apontada como responsável por 87% dos óbitos analisados, sobretudo entre lactentes.

Já bronquite e bronquiolite aguda foram associadas a mais de 90% das mortes em crianças com menos de um ano. A asma, por sua vez, teve maior impacto entre crianças de um a quatro anos, com uma taxa de mortalidade de quase 40% nessa faixa etária.

O levantamento chama atenção ainda para os recortes sociais: crianças do sexo masculino e da população parda foram as mais afetadas, revelando padrões de vulnerabilidade e desigualdade estrutural no acesso aos cuidados de saúde.

Pensando nisso, os pesquisadores reforçam a urgência de políticas públicas voltadas à equidade na pneumologia pediátrica, com foco na prevenção, na intervenção precoce e em ações voltadas para os grupos mais vulneráveis.

Pesquisa relaciona infecções e alergias a função pulmonar reduzida

Segundo um estudo australiano publicado no periódico The Lancet, as infecções respiratórias na infância podem deixar marcas na vida adulta. A pesquisa acompanhou crianças que, ainda nos dois primeiros anos de vida, apresentaram sensibilização a alérgenos como leite, ovo, amendoim, pelos de gato ou ácaros, e que também enfrentaram infecções do trato respiratório nesse período.

Aos 18 e 25 anos, essas pessoas apresentaram função pulmonar reduzida, medida pelo índice FEV (volume expiratório forçado no primeiro segundo). Segundo os pesquisadores, cada mês adicional de infecção nos primeiros anos de vida representou uma queda de –0,06 no escore Z do FEV₁ ou seja, uma pior função pulmonar no futuro.

Já aqueles que não tinham alergias, mas também tiveram infecções, apresentaram uma melhora leve no índice, o que reforça a hipótese de que a associação entre alergias e infecções precoces é o principal fator para prejuízos pulmonares a longo prazo.

A descoberta reforça a necessidade de um acompanhamento próximo em crianças com histórico alérgico e infecções recorrentes, além da atuação conjunta entre pediatras, alergistas e pneumologistas. O rastreio precoce e a adoção de estratégias preventivas podem ajudar a evitar complicações na vida adulta.

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